The Wicked + The Divine brilha no seu conceito e originalidade!
Entre nós vive o Panteão, um conjunto de Deuses composto por várias religiões, credos e mitologias desde a judaico-cristã à nórdica, que reencarnou em jovens. Estes jovens quando descobrem que são Deuses possuem apenas dois anos de vida e é aí que a nossa história começa.
Os Deuses tornam-se virais, estrelas, celebridades e sensações da música pop. Um dia um dos Deuses do Panteão, Luci aka Lucifer, é acusado de homicídio e Laura, uma das suas fãs, fará tudo o que está no seu alcance para provar a sua inocência.
O conceito expõe problemas sociais, como a efemeridade da fama e a rapidez não proveitosa da vida contemporânea, mas também os mistura inteligentemente com Deuses reencarnados. Inicialmente - e talvez durante toda a leitura - parece por vezes confuso, com muito a explorar e talvez começado in medias res. Sendo um livro que explora isso mesmo, a volatilidade e a celeridade dos dias de hoje, é conceptualmente brilhante! Toda a leitura parece ser um empurrão repentino para a página seguinte sem que nos apercebamos propriamente do que se passa. Uma confusa, mas viciante leitura.
Fazendo alusão ao à pop art, Jamie McKelvie consegue elevar a fasquia. Um traço simples e limpo, sem pormenor ou detalhe aprofundado traduz outra crítica social que os autores de pop art faziam (e fazem). O facto de se mesclar o traço de McKelvie com Deuses-Celebridades é algo de genial.
Kieron Gillen escreve um arco extremamente bem pensado e interessante, finalizado por um cliffhanger de mestre. A maneira como introduziu as personagens foi diferente do habitual e transmite uma certa frescura ao comic. À escrita de Kieron Gillen junta-se também a belíssima cor. Dos comics com melhor cor que já li.
Uma crítica à sociedade dos hashtags e trends, The Wicked + The Divine é uma leitura compulsiva. Profundamente prazeroso de ler!
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