Antes de mais gostaria de agradecer a Sebastià Cabot por ter aceite o convite do blog e por ter sido super simpático na Comic Con Portugal!
Cabot é autor da BD Novembro, lançado há pouco tempo pela Levoir. Novembro conta a história de um grupo de amigos e de como lidam com a sua vida.
(A entrevista será publicada em português e no original)
A tua arte é pouco diferente do habitual. Quando é que começaste a desenhar com um traço tão emotivo?
Com 18 ou 19 anos, ao chegar a Barcelona para estudar Belas Artes, também me inscrevi no “Cercle Artístic de Sant Lluc”, que é uma associação artística muito antiga onde se pode praticar desenho com modelos vivos. Adorava as sessões de poses rápidas(8,5 ou 3 minutos por pose) e ali comecei a apreciar mais um género de desenho em que predomina os gestos e a emotividade do traço ao passo do detalhe. Também gosto muito de Urban Sketching (costumo levar um pequeno bloco para fazer esboços do natural) mas a verdade é que nunca encontro tempo para me dedicar a isso de forma mais séria.
E há uns anos, ao começar a desenhar BD, quis utilizar esse tipo de desenho mais solto e fugir um pouco às convenções do meio.
Tu arte
es muy diferente de la costumbre. ¿Cuando has empezado a dibujar con un trazo
tan emotivo?
Con 18
o 19 años, al llegar a Barcelona para estudiar Bellas Artes, me apunté también
al “Cercle Artístic de Sant Lluc”, que es una asociación artística muy
antigua donde se puede ir a practicar dibujo de modelo del natural. Me gustaban
mucho las sesiones de poses rápidas (8, 5 o 3 minutos por pose) y allí empecé
a apreciar más un tipo de dibujo en que predomina el gesto y la emotividad del
trazo por encima del detalle. También me gusta mucho el Urban Sketching (suelo
llevar una pequeña libreta para hacer esbozos del natural) pero la verdad es
que nunca encuentro tiempo para dedicarme a ello de forma más seria.
Y hace
unos años, al empezar a dibujar cómic, quise aplicar ese tipo de dibujo más
suelto e huir un poco de las convenciones del medio.
Ser artista é um caminho difícil num mundo no qual as ciências têm mais valor. Isso influencia a tua arte e escrita?
Hoje em dia é muito comum que alguém que tenha um trabalho criativo tenha também de trabalhar noutra coisa para pagar as contas. Tive de desenhar o meu álbum anterior enquanto tinha um emprego a tempo inteiro (dedicando-lhe o meu tempo livre férias e fins-de-semana), suponho que isso deve de ter influência tanto no resultado final e quiçá também é uma semente de alguns aspectos no guião de Novembro. Enfim, na arte as dificuldades às vezes acabam por ser estimulantes e é necessário passar por diferentes experiências para dar sentido às histórias que queres contar.
Ser artista es un camino difícil en un mundo
en el cual las ciencias tienen más valor. ¿Es que eso influencia tu arte y
escrita?
Hoy en día es muy común que alguien que
haga un trabajo creativo tenga también que trabajar de otra cosa para pagar
las facturas. Mi anterior álbum, lo tuve que dibujar mientras tenía un empleo
a tiempo completo (dedicándole mi tiempo libre, vacaciones y fines de semana),
supongo que eso debió tener influencia tanto en el resultado final y quizás
también es el germen de algunos aspectos del guión de Novembro. Pero bueno,
en el arte las dificultades a veces resultan estimulantes y es necesario pasar
por diferentes experiencias para dar sentido a las historias que quieras
contar.
Que te dá mais prazer: Escrever ou desenhar?
Desenhar já é algo natural para mim e faço-o desde pequeno. Mas nem sempre é uma experiência prazerosa, já que pode ser muito frustrante quando não consegues representar o que tens na cabeça. Além disso, desenhar uma BD pressupõe muitas horas de rotina e muitas vezes apetece-te estar a fazer outra coisa.
O escrever é algo que apenas comecei a fazer há poucos anos, quando decidi que queria desenhar BDs... Adoro idealizar e pensar em argumentos, mas, escrever cria-me muita insegurança. Acho que a isto se chama "síndrome do impostor", algo muito comum entre a gente criativa.
Que te da más placer: ¿Escribir o dibujar?
Dibujar, ya que es algo natural para mí y
lo hago desde niño. Pero no siempre es una experiencia placentera, ya que
puede ser muy frustrante cuando no logras plasmar lo que tienes en la cabeza.
Además, dibujar un cómic supone muchísimas horas de rutina y muchas veces te
apetecería estar haciendo cualquier otra cosa.
Lo de escribir es algo que empecé a hacer
hace tan solo unos años, cuando decidí que quería dibujar cómics... Me
gusta mucho idear y pensar argumentos, pero escribir me crea mucha inseguridad.
Creo que a esto le llaman la “síndrome del impostor”, algo bastante común
entre gente creativa.
Se as nossas experiencias nos definem, que experiência teve mais impacto na tua arte?
Ao acabar o curso passei vários anos a viver numa casa ou apartamentos pequenos e a trabalhar em empregos precários que não tinham nada que ver com o que tinha estudado. Sem espaço nem tempo para desenvolver projectos pessoais. Tudo isso acabava por ser frustrante e suponho que tenha tido influência nos guiões de Perros y clarinetes e Novembro. Também foi um factor importante na hora de decidir apostar pela BD e pela ilustração... Eu nessa altura queria dedicar-me à pintura ou à escultura e era muito complicado pela necessidade de espaço e material. Não conseguir conseguia pagar um atelier bem como um aluguer... Ao passo de que para desenhar ou escrever só precisas de um escritório, um computador e material de desenho. Eu apercebi-me que podia expressar o mesmo numa simples vinheta que num quadro de grandes dimensões.
Si nuestras experiencias nos definen, ¿que
experiencia tuvo más impacto en tu arte?
Al acabar la carrera, pasé varios años
viviendo en un habitación o apartamentos pequeños y trabajando en empleos
precarios que nada tenían que ver con lo que había estudiado. Sin espacio ni
tiempo para desarrollar proyectos personales. Todo eso resultaba frustrante y
supongo que ha tenido influencia en los guiones de Perros y clarinetes y
Novembro. También fue un factor importante a la hora de decidir apostar por el
cómic y la ilustración... Yo en esa época quería dedicarme a la pintura o
la escultura y era muy complicado por la necesidad de espacio y material. No
podía permitirme pagar un taller además de un alquiler... En cambio, para
dibujar o escribir solo necesitas un escritorio, un ordenador y material de
dibujo. Y me di cuenta que se puede expresar lo mismo en una simple viñeta que
en un cuadro de grandes dimensiones.
No livro Novembro joga-se com cores para invocar emoções. Qual crês ser a importância das cores para mudar a maneira como vemos as personagens?
Quando escrevi a história, imaginava-a como um filme indie, com a câmera trémula e gravada a preto e branco. Tipo Nouvelle Vague ou os primeiros filmes de Jim Jarmusch. O que se passou é que ao ir experimentando as diferentes opções ao desenhar mudei de opinião e decidi dar-lhe uma tonalidade de cor diferente a cada cena dependendo da emoção que esta produzia. Simplificando, cores mais quentes ou vivas para cenas mais alegres ou frios e cinzentos para as tristes...
Não quis mudar a forma de ver as personagens através da cor, senão usar a cor para reforçar a narração. E aí é onde radica a verdadeira importância da cor...Em pintura ou desenho, a cor pode ter outros usos, mas, na BD, tanto o desenho como a cor são sempre dependentes da narrativa.
En el libro “NOVEMBRO” se juega con los
colores para invocar emociones. ¿Cual crees ser la importancia de los colores
para cambiar la manera como vemos los personajes?
Cuando escribí la historia, me la imaginaba
como una película “indie”, con cámara temblorosa y rodada en blanco y negro.
Tipo Nouvelle Vague o las primeras películas de Jim Jarmusch. Lo que pasa es
que al ir probando distintas opciones al dibujar, cambié de opinión y decidí
darle una tonalidad de color distinta a cada escena dependiendo de la emoción
que esta produjera. Simplificando: colores más cálidos o vivos para escenas
más alegres o fríos y grises para las tristes...
No he querido cambiar la forma de ver a los
personajes por medio del color, sino usar el color para reforzar la narración.
Y allí es donde radica la verdadera importancia del color... En pintura o el
diseño el color puede tener otros usos, pero en el cómic, tanto el dibujo
como el color van siempre supeditados a la narrativa.
Todo o livro é uma crítica à sociedade actual. Achas que a felicidade é mais difícil de alcançar na actualidade?
A minha intenção não era fazer tanto uma crítica, mas sim reflectir sobre certos aspectos da sociedade actual. É verdade que há uma certa tendência para a solidão e individualismo, num mundo cada vez mais conectado e uma maneira muito narcisista e de falsa aparência de nos expormos ao mundo. Mas não sou tão negativo com o presente ou com o futuro como pode parecer. Acho que a tecnologia acima de tudo trouxe coisas positivas. Mas é óbvio que tudo isto aconteceu muito rápido e ainda estamos a aceitar e a digerir, mas no fim tudo se encaminha.
Não, não creio nem um bocadinho que seja mais difícil ser feliz agora, antes pelo contrário. Dizer isto seria uma frivolidade, o meu pai cresceu numa ditadura e os meus avós viveram uma guerra civil, por exemplo... Sem falar no que devia ser o dentista há cem anos. No geral, estamos melhor em muitos aspectos. O que se passa hoje-em-dia é uma forte tendência de nostalgia e a idealizar o passado. É como se o futuro finalmente tivesse chegado e parece que preferimos olhar para o passado com o nosso filtro de instagram, discos de vinil e moda dos anos 80. Acho que isso é muito interessante e queria reflectir sobre isso mesmo num livro, de algum modo.
Todo el libro es una crítica a la sociedad
actual. ¿Crees que la felicidad es más difícil de coger en la actualidad?
Mi intención no era tanto hacer una
crítica, sino reflejar ciertos aspectos de la sociedad actual. Es verdad que
hay una cierta tendencia a la soledad y al individualismo en un mundo cada vez
más conectado y una manera muy narcisista y de falsa apariencia de exponernos
al mundo. Pero no soy tan negativo con el presente o el futuro como puede
parecer. Creo que la tecnología ante todo a traído cosas positivas. Pero es
obvio que todo esto ha sucedido muy rápido y ha afectado a la manera de
relacionarnos o mostrarnos a los demás en muy poco tiempo. Creo que aún lo
estamos aceptando y digiriendo, pero que al final todo se encauza.
No... No creo ni mucho menos que sea más
difícil ser feliz ahora, todo lo contrario. Decir eso sería una frivolidad,
mi padre creció en una dictadura y mis abuelos vivieron una guerra civil por
ejemplo... Por no hablar de lo que debía de ser ir al dentista hace cien
años. En general vamos a mejor en muchos aspectos. Lo que pasa es que hoy en
día hay una fuerte tendencia a la nostalgia y a idealizar el pasado. Es como
que el futuro por fin ha llegado y parece que preferimos mirar el pasado con
nuestro filtros de instagram, vinilos y moda a los 80’s. Me parece muy curioso
y lo quería reflejar en el libro de alguna manera.
O final - de Novembro - é um final feliz mas é um flashback. É mais importante uma história honesta ou uma história feliz?
A última cena é como um epílogo que reflecte um momento feliz da relação dos protagonistas, mas, não a classificaria como um final feliz. Já que o sentido da cena muda totalmente porque já sabemos como vai acabar a sua história. Isto é, esse momento ou cena feliz transforma-se num momento agridoce ou melancólico pelo conhecimento que o leitor já adquiriu. E dá sentido à frase de Orson Wells com que o livro se inicia: Ter ou não um final feliz depende de onde desejas acabar a história.
Diria que a honestidade é sempre boa, não só no momento de escrever ficção, mas também na vida em genaral. Mas também se pode fazer uma história feliz que seja honesta. Não acho que sejam conceitos contraditórios. O importante é criar empatia com o leitor, emocional-lo, inquietar-lo ou fazê-lo pensar... E isso pode fazer-se de mil maneiras, seja através da comédia, do drama, terror, etc.
El final es un final feliz pero es un
flashback. ¿ Es más importante una historia honesta o una historia feliz?
La última escena es como un epílogo que
refleja un momento feliz de la relación de los protagonistas, pero no lo
calificaría de final feliz. Ya que el sentido de esa escena cambia totalmente
porque ya sabemos como va a acabar su historia. Es decir, ese momento o escena
feliz se transforma en un momento agridulce o melancólico por el conocimiento
que ya ha adquirido el lector. Y da sentido a la frase de Orson Welles con la
que se inicia el libro: “Tener o no un final feliz depende de donde quieras
detener la historia”.
Diría que la honestidad siempre es buena,
no solo a la hora de escribir ficción, sino en la vida en general. Pero
también se puede hacer una historia feliz y que esta sea honesta. No creo que
sean conceptos contradictorios. Lo importante es empalizar con el lector,
emocionarle, inquietarle o hacerle pensar... Y esto se puede hacer de mil
maneras, ya sea a través de la comedia, el drama, terror, etc.
¿Y como lector, prefieres que te inquieten o
que dejen con un final bonito?
La inquietud, porque esta deja más huella y
es capaz de cambiarte de alguna manera. Pero a veces a uno le apetece un simple
postre, algo ligero y que te deje con buen sabor de boca. Por suerte hay
momentos para todo y no tenemos que quedarnos solo con uno.
Finalmente, a pergunta mais importante do mundo actual: Pizza com ananás, sim ou não?
NÃO.
Por fin, la pregunta más importante en el
mundo actual: Pizza con piña, ¿sí o no?
NO.
Se quiserem conhecer estes e outros trabalhos de Sebastià Cabot:
https://sebastiacabot.com
Instagram @sebastia_cabot
(Todas as ilustrações presentes são do autor e estão disponíveis na sua webpage, à excepção da páginas promocional do interior de Novembro, que nos foi enviada pela Levoir)
(Todas as ilustrações presentes são do autor e estão disponíveis na sua webpage, à excepção da páginas promocional do interior de Novembro, que nos foi enviada pela Levoir)
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