A narrativa inicia-se com o Dr. Montague, cujo interesse em estudar os fenómenos sobrenaturais na Hill House desencadeia uma jornada cheia de enigmas. Acompanhado por três personagens distintas - Eleonor, a reservada enfermeira; Theodora, de alma sensível e artística; e Luke, o sobrinho da dona da casa - o grupo aventura-se num território impregnado de mistérios.
Desde as primeiras páginas, a casa revela-se não apenas como um local intrigante, mas também como uma presença inquietante, repleta de solidão, silêncio e enigmas. O envolvimento gradual das personagens com a casa estabelece uma conexão única, destacando-se entre outras narrativas sobre assombrações.
A narrativa na terceira pessoa guia-nos habilmente pelos corredores e cómodos da casa, permitindo-nos experimentar o desequilíbrio crescente que permeia cada recanto. Shirley Jackson utiliza maestria para nos imergir no universo do terror psicológico, onde pequenas nuances de instabilidade nos cativam.
O aspecto psicológico destaca-se, tornando o medo uma consequência da fragilidade mental das personagens e das manifestações sobrenaturais. A narrativa não apenas nos aproxima das angústias pessoais de cada protagonista, mas também explora as sombras mais profundas do sobrenatural presente na casa.
"A Maldição de Hill House" pode não agradar aqueles que procuram reviravoltas intensas, porque a explanação dos acontecimentos é gradual. A narrativa desenvolve-se lentamente, exigindo do leitor uma interpretação pessoal dos factos. Algo diferente que encanta, mas que pode não ser apreciado por todos.
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