Filme | A Gaivota (The Seagull) de Michael Mayer


Ontem tive o prazer de ir, a convite da NOS Audiovisuais, assistir a um dos mais belos filmes que já vi. Sabem quando querem ver um filme que vos toque?
 Que não seja só passar o tempo? 
Caramba, A Gaivota é tudo isso e muito mais. 


Baseado na obra homónima de Anton Chekhov, A Gaivota segue a história de uma família russa em finais do século XIX e inícios do século XX. Esta família decide passar uma temporada no campo onde se vêem enredados numa comédia-trágica na qual todos os membros estão apaixonados por alguém que ama outro. O filme desenrola-se como uma dança de pares trocados e muito humor. Quando Chekhov escreveu a peça e em 1896 foi pela primeira vez levada ao palco, não faria ideia de que a sua comédia se tinha tornado numa peça dramática. Chekhov conseguiu escrever uma comédia tão trágica que se torna num momento belo. 


Profundamente bem adaptada pelo vencedor de um Tony, Stephen Karam. O meu professor de Argumento Cinematográfico costumava dizer: Se estão a ver um bom filme há duas coisas que têm de saber nos 10 primeiros minutos: os nomes das personagens e a trama. Mesmo sendo nomes russos - ainda não sei russo, embora esteja na lista - já sabia quem era Irina, Masha, Nina, Konstantin... Dá prazer ver um filme com um guião tão bem escrito que contrabalançava a tragédia e a comédia.


Irina, representada pela brilhante Annete Bening, era a matriarca. Uma actriz famosa de teatro que fazia de Moscovo o seu palco estava agora em negação com a sua idade e sentia-se a ser ultrapassada pelas mais novas. A dinâmica entre Irina e as outras personagens garantia um equilíbrio inteligente fazendo o espectador pensar sobre a vida e qual o seu propósito. Konstantin (Billy Howle) era o seu filho, que aspirava a ser um escritor de sucesso, jovem e sem emprego cai numa espiral de depressão na qual arrasta Nina (Saoirse Ronan) a sua namorada. Masha, interpretada genialmente pela vencedora de inúmeros Emmy e Globos de Ouro, Elisabeth Moss, é apaixonada por Konstantin e vê nele o seu par ideal, idolatrando a sua obra. 
 Com os pares trocados, esta família procura a felicidade de cada um, mas, de que modo influencia isso a felicidade dos outros?


Segundo o realizador, Michael Mayer, a adaptação de A Gaivota era um trabalho bastante pessoal (que apenas demorou 21 dias a gravar) uma vez que era a sua peça favorita de Chekhov, e isso mesmo nota-se nas cenas. Os planos românticos e melancólicos em contraste com o negro e o frio. Um filme com um final em aberto sobermamente executado por Mayer. 


Vocês sabem o quanto gosto de fantasia, ficção científica, thriller/terror. Se pensavam que não iam gostar do filme estão enganados. É impossível não se apaixonarem. 
A Gaivota terá sempre um lugar especial no meu coração de cinéfila.
  
NOS CINEMAS A 26 DE JULHO





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