O pior livro que li em 2020



Este vai ser um post a dizer mal. Se sentem vontade de exorcizar o vosso ódio por alguns livros, bem-vindos a este rant onde conto de maneira dramática como perdi tempo e dinheiro.

Entrei numa loja que tinha centenas de BDs. Filas de estantes cheias. Perdi uns bons 30 minutos a ver vários e não ia com ideia de comprar nada em específico ou sequer de comprar qualquer coisa. De certo, saberão que a vossa mente tenta justificar qualquer acção para gastar dinheiro. A justificação que a minha deu foi: já perdi o combustível até aqui (pausa para tentar atingir algum tipo de lógica) é melhor levar algo (nova pausa) algo barato, okay

Na segunda estante à direita, terceiro livro a contar da direita estava o Hex Wives. Capa bonita, um trocadilho engraçado na capa (porque é que tenho este sentido de humor, não sei, mas eu achei graça a Hex Wives) e a arte não podia ser má, pelo menos do que dava para ver da contra-capa. 

Primeiro alerta: estava selado, que se lixe que é da Vertigo, certo? Tem de ser bom, certo? Errado. Peguei no livro e virei-me pensando: caramba, um arco fechado sobre feiticeiras! Na moucheQuem ia comigo disse-me: Olha, mas não sabes nada do livro? (Vamos chamar a esse alguém a Voz da Razão, porque efectivamente o é). E sabem o que respondi: Nope, nada! Vai ser como aqueles filmes sem ver o trailer. 

Vai, vai. Daqueles filmes da Netflix com a Brenda Song ou a Vanessa Hudgens que me fazem questionar o porquê da sua existência. A Voz Da Razão encolheu os ombros e eu comprei o livro.

O momento em que a senhora da loja abre o saco e mete o livro lá dentro com um sorriso; eu considero-o sádico caso ela soubesse o quão terrível aquela leitura era. Ou seria. 

Chego ao carro e desembrulho aquele presente envenenado. A arte não era má e o preço tinha sido mesmo bom. A cor era fixolas e a acção abria em Salem. Bons ingredientes na minha mente para um bom comic, aparentemente. Ainda lhe dei uma voltinhas pelas mãos até o voltar a pôr no saco. Até o cheirei e não cheirava mal. Tinha a certeza que tinha feito uma compra do camano

Chego a casa e pus mãos à obra, em vez de ir despejar a loiça da máquina, fui ler. Sábias decisões. Sábias decisões. Primeiras páginas, bruxedo. Tudo certo. Meio estranho mas okay, respeitei. Três páginas depois as bruxas estavam por algum motivo num sítio tipo Wayward Pines a viver a vida de donas de casa dos anos 50. Voltei a respeitar.

Os maridos delas eram todos suspeitos e tal. Há uma parede de fogo no fim da estrada daquela rua (tudo normal) eles diziam que as mulheres não podiam sair de casa por causa da parede de fogo. PAREDE DE FOGO. E eles saiam para trabalhar. Atravessavam -- literalmente -- a parede de fogo. Bem, com isto os diálogos eram piores que péssimos. Ainda hoje (passaram uns dois meses) não entendi o  porquê de muita coisa naquele livro. Não sei o que era pior, a escrita E A PAREDE DE FOGO QUE PERMITIA IR TRABALHAR ou o facto de do nada decapitarem alguém ou algo e a arte ser banal. As personagens parecem de um fan fic escrito por uma adolescente de 13 anos, só para terem uma vaga noção. Ah e bruxedo e feitiçaria não havia. Nope. Era tipo um sólido 7,34% do comic. Teimosa e impulsionada pelo pensamento: deste dinheiro por isto; continuei a ler. 

O mais dramático é que há livros que gosto que não me lembro tão bem da história como este livro e esta é a verdadeira magia deste livro. Vive numa espécie de "inquilino que não precisa de pagar renda" no meu cérebro. Às vezes quando estou a ver as notícias ou quase a adormecer ainda penso naquela parede de fogo e de como era bem justificável para o autor. 







 

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