O Poder é uma reflexão arrebatadora sobre o mundo no qual vivemos!
Subitamente, todas as raparigas têm um poder electrificante que pode infligir dor. Desacatos começam por todo o mundo quando as jovens descobrem que com um simples impulso podem dominar aqueles que quiserem. Quando esse poder é passado às mulheres mais velhas, novas dinâmicas surgem por todo o mundo.
O livro aborda sobretudo temas da ordem do dia postos numa perspectiva interessante. Através de uma escrita célere acompanhada por gravuras e documentos, Alderman inverte papéis de género abordando temas como mutilação genital, violações, proibições baseadas no pressuposto de género e violação dos direitos das mulheres; expondo o género masculino a estas problemáticas.
Os capítulos alternam entre Tunde, Margot, Allie e Roxy (essencialmente) explorando várias partes do mundo, o que acaba por enriquecer a leitura. Por exemplo Margot quer ser Presidente dos E.U.A; Roxy é filha de um traficante de drogas britânico, Allie tem sido abusada toda a sua infância e Tunde viaja agora pelo mundo como jornalista, focando-se em especial na Moldávia. Todas estas personagens permitem-nos ver o poder através de várias perspectivas e em vários pontos. Portugal aparece lá para a página cento e pouco!
O caso da Moldávia é bastante interessante uma vez que começa a ser abordado o problema do tráfico humanos para fins sexuais e depois explorando politicamente a região.
As relações entre Estados e as suas complexas dinâmicas pontilham o livro de maneira brilhante, vendo o excepcionalismo americano e as missões da ONU desempenharem papéis tão reais. A súbita inversão de papéis na Arábia Saudita é também ela um dos pontos altos do livro, fazendo o leitor reflectir nas discrepâncias actuais do mundo em que vive e quão horrível é estar impotente perante violações dos direitos humanos. E com um final tão tristemente cru que vos deixará em depressão durante as próximas semanas.
Acima de tudo, Alderman escreveu um livro importante. Um livro sobre o qual devemos pensar e ver quão frágil é o mundo em que vivemos. Com uma narrativa arrepiante é impossível ficar indiferente. Uma obra para todos aqueles que gostam de uma leitura que vos desinquiete e vos faça questionar. O Poder terá um lugar especial na estante!
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